Fonte: Diário de Pernambuco


A Operação Lava Jato, que já envolve mais de 30 empresas nas investigações sobre desvios na Petrobras, deve reforçar, em 2015 uma tendência que já vinha sendo percebida no mercado: o aumento da participação das empresas de grande porte nos pedidos de recuperação judicial.

Entre as fornecedoras da Petrobras citadas nas investigações, duas – a Jaraguá Equipamentos e a empreiteira Alumini – já pediram proteção na Justiça. Segundo fontes de mercado, grandes companhias como OAS e Engevix estudam seguir o mesmo caminho. Como os pagamentos da Petrobras estão suspensos para companhias citadas na Lava Jato, a recuperação judicial pode ser uma forma de as empresas ganharem tempo para reorganizar suas contas.

A “moratória” de seis meses nos pagamentos a fornecedores, permitida pela recuperação judicial, foi usada, nos últimos dois anos, por vários negócios de uma ex-gigante nacional: o grupo EBX, de Eike Batista. Entre o fim de 2012 e o início de 2013, as empresas ‘X’ sucumbiram feito um castelo de cartas. Em situações como essa, fornecedores podem ser levados na enxurrada de problemas dos grandes grupos.

Só entre 2012 e 2014, segundo dados da Alvarez ? no ano passado, o total caiu para 1,6 mil (uma queda de 83%).

ADIAMENTO

No entanto, fontes de mercado dizem que a recuperação judicial virou uma ferramenta para adiar uma falência iminente. “O juiz só pode julgar os aspectos formais do processo, mesmo que a previsão de receita da empresa não corresponda à realidade”, diz uma fonte do setor jurídico, queixando-se do entendimento do Superior Tribunal de Justiça sobre a questão.

Segundo levantamento do escritório de advocacia Moreira Salles e da consultoria Corporate Consulting, a taxa de sucesso está na casa de 1%. “Mesmo que a medida permita apenas vender uma operação que esteja indo bem, a economia sai ganhando”, diz o advogado Thomas Felsberg, sócio do escritório Felsberg & Associados. Ele lembra, no entanto, que, embora a recuperação exista para garantir a continuidade dos negócios, o crédito costuma se fechar para quem recorre à medida.


Link: http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/economia/2015/02/23/internas_economia,

562229/grandes-empresas-ampliam-pedidos-de-recuperacao-judicial.shtml